segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Agra: entre o Taj Mahal e procissão de casamento

Finalmente, cheguei ao monumento mais famoso da Índia. Nessa semana passada lá estava eu em Agra pra ver o Taj Mahal, a duas horas aqui de Délhi. O clima que me esperou já era frio - é inverno aqui no hemisfério norte, e a Índia está acima do equador. Embora lá embaixo em Mumbai estivesse tudo quente e úmido, cá o povo já está todo agasalhado. Agra também me agraciou com uma bela chuva. Nada mais apropriado pra ver um monumento feito pelo imperador para a sua falecida alma-gêmea.

A história, em miúdos, é a seguinte. Há muito, muito tempo, nos idos 1600, nesta terra distante, o príncipe Khurram, herdeiro do trono de imperador, foi prometido a três esposas (na tradição muçulmana se pode ter até quatro esposas simultâneas). Às duas primeiras ele demonstrou muito pouco interesse, mas pela terceira, uma princesa persa, a história foi diferente. Ela era Arjumand Banu Begum, apelidada de Mumtaz Mahal ou "a favorita do palácio". Quando Khurram ascendeu a Trono do Pavão Real (o lendário Taxt-e Tâvus, mais caro em valor do que o Taj Mahal inteiro, de tantas jóias que tinha e em ouro maciço; o trono acabou sendo desmantelado tempos depois, antes mesmos de os ingleses chegarem, mas algumas jóias acabaram parando nas "jóias da coroa britânica" mesmo assim). Ao ascender ao trono o príncipe Khurram assume o nome de Shah Jahan, e sua princesa se torna a imperatriz favorita. A moça é relatada como sendo "o berço da excelência", mulher de bom coração e beleza infinita. Além disso, boa companheira e sem aspirações políticas (o que, para a época, era importante, pra evitar aquele veneninho na janta). A relação era intensa. Ela era sua principal companhia e confidente; viajavam juntos nas campanhas militares do império, e juntos tiveram nada menos que 14 filhos. No parto do 14o, porém, a princesa veio a falecer. Dizem que Shah Jahan ficou tão em choque que os seus cabelos ficaram brancos do dia para a noite.

Assim, decidiu, ainda durante a campanha militar, que construiria um gigante mausoléu para a sua imperatriz. Assim veio à existência o Taj Mahal, algo como "coroa dos palácios", que depois de 22 anos ficou concluído às margens do Rio Yamuna.

Foi esse que eu fui visitar numa chuvosa manhã. Seguem as fotos. (No google vocês podem achar fotos dele ensolarado).

Taj Mahal, "o monumento em homenagem ao amor", em Agra. O Taj é todo em mármore branco e tem 171m de altura.




Pra quem quer saber a continuação da história, é um pouco trágica. Dos filhos de Shah Jahan e sua princesa persa viveram 6, duas mulheres e quatro homens. O mais novo, Aurangzeb, estava revolto que seu pai estivesse gastando tanto dinheiro enquanto outras pessoas necessitavam. Resultado: deu o golpe. Matou seus três irmãos mais velhos, se mancomunou com uma das irmãs e aprisionou o pai numa torre do Forte de Agra. A outra irmã tentou ajudar o pai e foi também presa. A torre não era uma masmorra, eu visitei, tinha fontes com água de rosas e tudo o mais, mas funcionava como uma prisão domiciliar. Shah Jahan olhava o Taj somente à distância. Quando sua vista ficou fraca, sua filha pediu ao irmão Aurangzeb que trouxesse um diamante para o pai, onde ele podia então ver o Taj pelo reflexo. Oito anos depois, Shah Jahan faleceu. Hoje seus restos mortais estão juntos com os da princesa no subsolo do Taj Mahal.

Inspirados talvez pela história de Shah Jahan e seu amor intenso com a princesa persa, indianos continuam casando-se - frequentemente jovens, nos seus 20 e poucos anos. Acabei, na rua, flagrando uma das "procissões" que eles aqui fazem com o noivo - igual mostraram na novela. Confiram aí no vídeo o noivo desfilante e os dançarinos. Liguem o som e aprendam aí uns movimentos pra a próxima festa, hehe.

http://www.youtube.com/watch?v=aojRWPA4nno

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