Alô, moçada! Estou vivo ainda, apesar de algumas experiências desgostosas pelos trens indianos. Comecei a fazer igual na musiquinha de "E vai descendo, e vai descendo" e experimentar as classes mais baixas do trem indiano. Pra que. Affff. Os comentários que fiz antes foram da 2a classe (dum total de 5). Desta vez resolvi experimentar a 3a e a 4a classes. Viuge maria. A 3a até que vai, é igual à segunda só que com mais gente e, portanto, mais muvuca. A 4a é que pega, porque é povão e sem mordomia nenhuma. Deus me perdoe, mas me faz lembrar as fotos que vi de campo de concentração em que os judeus ficavam numas "gavetinhas" junto da parede. Noite passada tive uma viagem óóóótima nessa classe aí, que ainda por cima parava o tempo todo e o condutor esquecia que já tinha visto meu ticket, e já passado da meia noite ainda bole meu pé e me acorda (e tinha me dado tanto trabalho pra pegar no sono...), e ainda tinha uma miséria duma lâmpada incandescente dessas tipo de galinheiro que, não sei porque raios, não apagava e ficava bem ali, a noite toda. Tá pensando que acabou? Ainda tive o desfortúnio de ser posto num assento (gaveta) perto do banheiro, e o cheirão de uréia tomou conta do ar durante as 9h de viagem. Aaaare baba.
Mas, bom, deixa eu falar de Goa que é o propósito do post. Estive lá há poucos dias atrás, após sair de Bangalore, e vi um pouco dessa área que foi colônia portuguesa até muito recentemente, até 1961. Se tornou um pequeno estado indiano onde os idosos ainda falam português, e onde se vê por toda parte que os portugueses passaram por ali. Na verdade, Goa encaixaria muito melhor na Bahia do que com o restante da Índia. Isso, é claro, no que concerne a aparência do lugar. No que se refere às pessoas, são indianos de carteirinha. Goa é como Porto Seguro, só que habitada por indianos.
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Fontainhas, área histórica de Panaji, capital de Goa |
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Loja de azulejos em estilo português. Panaji, Goa |
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Típicas inscrições junto às casas mais tradicionais de Goa |
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Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, de 1541, na praça central de Panaji, capital de Goa |
Pra quem não sabe, a temática central de
Os Lusíadas, de Camões, é exatamente essa viagem dos portugueses até aqui. Tem uma estátua enorme dele, em pose de recitar o poema heróico, que hoje está no museu de Goa Velha (costumava ficar numa praça central). Pra dar rapidamente a parte histórica, os portugueses chegaram à Índia em 1498 com Vasco da Gama. Mas isso não foi em Goa, foi mais ao sul, em Calicute, no estado de Kerala. Goa na época era governada por muçulmanos (como muito da Índia, já deu pra perceber, né). Em 1510 os portugueses brigaram e tomaram Goa (que era considerada um dos melhores portos da época) com a ajuda de corsários hindus. Assim estabeleceram um domínio de 450 anos, e mantiveram esta parte mesmo quando o restante da Índia caiu sob domínio inglês.
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Goa Velha, ainda com igrejas e conventos. Ali uma estátua de Santo Antônio no jardim e a igreja de Santa Catarina (se não me engano). |
Um dos resultados dessa colonização portuguesa é que Goa se tornou uma área muito menos conservadora que o restante da Índia. Aí, pronto, virou o ponto da libertinagem de turistas indianos e estrangeiros interessados em festa na beira da praia, bebida (e outras droguinhas a mais...). Você pergunta por camisa e o cara já pergunta se você fuma.
Mas pelo menos vai chegando aqui pro sul, dá a impressão, os indianos vão ficando mais simpáticos e descolados. Como me disse um tio no trem: "No norte o povo é muito trapaceiro, e também conservador demais. As mulheres nem chamam o marido pelo nome. Aqui não, a gente está acostumado a lidar com estrangeiro há 5.000 anos e há muito mais mistura". As mulheres aqui também falam com você e sorriem, finalmente.
Deixo vocês com fotos do litoral de Goa.
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Entardecer no litoral de Goa. Praia de Anjuna. |
Ae Mairon,
ResponderExcluirsó para não perder a deixa, achou chico gostoso, hein???
huahuahuahuahuahuaha
É engraçado pensar que, dentro da imagem que se faz da Índia, não colocamos esse aspecto da ligação com Portugal, apesar de que, para nós, deveria ser muito forte. Gostei de ver o jeitão português. Bom, eu comentaria mais coisas sobre isso, mas deixa para lá, ia ficar muito grande.
Coligado, tirando o trem bizarro até que valeu a pena a viagem, hein? Beijos!
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