Agora a parte emocionante: pegar um desses tiozinhos motoristas de tuk-tuk que aaaaaamam turistas. Claro, turista nunca sabe o preço de uma corrida, e eles aproveitam pra cobrar o dobro do que normalmente seria. Deixa eu explicar. O tuk-tuk tem um taxímetro (ou "tuk-tukímetro", como queira) mas aí é que entra o dilema: se você exige ir pelo medidor, eles fazem uma "circular" com você e pegam o caminho mais longo. A outra opção é, a que eles preferem, negociar o preço. Só que como negociar se você não faz idéia do preço justo?
Tio Bhalla havia me prevenido: "Bote ele pra ir pelo medidor e diga que vá por não-sei-aonde". E assim foi. O cara esperneou, tentou botar o preço, disse que o medidor estava com defeito, eu disse que então ia pegar outro tuk-tuk, e de repente o medidor ficou bom.
Olha aí ó, novinho até. No caminho passamos por um bocado de lugares diferentes. Barracos, avenidas, vi um grupo de vacas...
Rodada de tuk-tuk. Em cima o preço, embaixo a kilometragem. Na rua, a zona que você espera: moto, tuk-tuk, bicicleta, ônibus velho, pedestre no meio dos carros e, de vez em quando, algumas vacas que ficam zanzeado pela cidade. |
O interior do tuk-tuk lembra um pouco táxi brasileiro. Em vez de uma imagem de Nossa Senhora, tem adesivo de Krishna, ou imagenzinha de Lord Ganesha, etc. O cidadão normalmente dirige descalço (aliás, aqui eles fazem quase tudo descalço), e de dois em dois minutos dá uma cusparada - às vezes daquelas densas em que o cuspe custa a desprender. Como tudo é aberto, de vez em quando você toma umas salpicadas de água de poça também.
Mas entre mortos e feridos salvaram-se todos. Cheguei no Templo da Lótus. Dentro não há muito além de um amplo espaço de oração, com flores bem arranjadas, bancos de madeira, e um altar branco um tanto neutro. O espírito é servir a professante de qualquer religião - ou mesmo espiritualistas sem religião fixa. O Templo é construção da Fé Bahá'í. Alguns já devem ter visto o nome em perfil de Orkut, o povo sempre vê isso, nunca sabe o que é, e bota porque é exótico, hehe. Na verdade, essa fé é tipo uma religião universalista; diz que todas as grandes religiões no fundo compartilham os mesmos princípios, e prega a fé no Deus único e a união dos povos. Foi iniciada por um persa (atuais iranianos) no século XIX, Bahá'u'lláh.
Templo da Lótus, em Delhi. Todo em mármore branco com um total de 27 "pétalas". O Templo da Lótus é um local de oração da Fé Bahá'í, que abraça todas as religiões como iguais, argumentando que todas elas pregam os mesmos princípios básicos. |
Aí vem eles com aquela cara de que quer o seu dinheiro e o olho de quem está bolando alguma coisa criativa pra lhe dizer. O indivíduo me solta: "É o dia final do Ramadã, é festa, eu lhe levo pra fazer umas compras e depois lhe deixo no metrô". Eu: "Que compras o quê meu amigo, eu quero ir pro metrô e pronto".
Não deu jeito, nenhum deles aceitou que eu não estivesse interessado em compras (não nos bazares onde eles recebem comissão pra levar turista, e onde tudo custa o olho da cara). Andei mais um pouco e achei um que me levasse. Aí você acerta um que aceite levar pelo medidor, e senta crente que a batalha acabou. No meio da corrida, a surpresa: "Eu vou lhe levar numa outra estação de metrô que é mais perto". Poutz.
- "Não, não, não, eu quero a que eu lhe disse".
- "Nessa estação que eu vou te levar você vai economizar 20 rúpias na passagem do metrô".
Aprendi que aqui na Índia é igual resposta de menina: "Talvez" quer dizer "Sim". E aqui "Não" quer dizer "talvez". Me disseram que pra dizer não mesmo, você ignora. Como eu respondi, ele tomou isso como um talvez e acabou me levando na tal outra estação. Acabou sendo mais perto mesmo, mas a história de economizar 20 rúpias estava aumentada. Enfim, deixei ele ficar com o troco, já que são miúdos mesmo.
É como um fulano me disse outro dia: "Eles fazem com os ocidentais em pequena escala o que o Ocidente faz com a gente em grande escala". Claro que não adiantaria dizer que eu, brasileiro, não estou envolvido nisso. Mas enfim, acho que no fundo é verdade.
Super moderno o tuk-tukímetro! Agora a poça na foto é que mostra a cara real da cidade... Mais histórias, mais, mais, mais! :)
ResponderExcluirSempre gostei desses tuk-tuks, até acho que não seriam ruins no Brasil - contanto que fossem usadas portas, para proteger adequadamente das intempéries e até de objetos arremessados, intencionalmente ou não, na direção do veículo.
ResponderExcluirhttp://cripplerooster.blogspot.com/2010/12/triciclos-uma-alternativa-para-aliviar.html